O casal questiona trecho do acordo do executivo em que ele cita suposta reunião na casa do empresário Joesley Batista na qual teria sido acertado o pagamento de propina ao deputado do PSD do Rio Grande do Norte. O caso foi revelado pela repórter Andreia Sadi, da GloboNews.
Na sua delação, Saud relatou aos investigadores da procuradoria-geral da República (PGR) ter pago cerca de R$ 10 milhões em propina para o deputado Fábio Faria. O pagamento teria como contrapartida a conquista, por uma empresa do Grupo J&F, do controle do serviço de água e esgoto no Rio Grande do Norte. Segundo Saud, o pagamento teria sido efetuado, mas a J&F desistiu do contrato.
Uma mensagem de voz no celular da jornalista Ticiana Villas Boas, porém, será usada pela defesa do casal para contestar a delação.
O áudio foi enviado pela mulher de Joesley a Patrícia Abravanel em 1º de junho. Na gravação (ouçana reportagem acima), a esposa de Joesley afirma que poderia ser testemunha da apresentadora porque a delação é um "absurdo" e o encontro citado por Saud em sua delação "foi um jantar normal, eu não vi nada de dinheiro, de nada que beirasse ser ilícito".
"Não existe lado nessa história"
"Oi, Pati, sou eu, Tici. Estou ligando para você e mandando essa mensagem para te falar do meu apoio, que eu estou do seu lado, quer dizer, não existe lado nessa história. Estou fora do país, já tem um tempo, como já tinha te falado e optei por não ver notícia, não ver televisão, estou péssima, me magoa muito. Mas me mandaram um print de notícias relacionadas a você, que parece que um executivo da JBS falou que você estava num jantar de propina, uma loucura total. E hoje recebi outro print de que você vai ter que depor", conta Ticiane no áudio.
A esposa de Joesley, que também é apresentadora de TV, se dispõe a depor caso a filha de Silvio Santos seja chamada pela Polícia Federal.
"Então, o que eu quero falar é que eu acho um absurdo isso tudo... que está acontecendo. Aquele jantar, imagina só, não tem nada a ver... do que falaram, foi um jantar normal, eu não vi nada de dinheiro, de nada que beirasse ser ilícito... Se você for chamada para depor ou tiver qualquer tipo de implicação para você, eu sou sua testemunha de defesa e vou deixar claramente que é um absurdo", diz Ticiane na mensagem a que o jornal O Estado de S. Paulotambém teve acesso.
Defesas
Em nota, o grupo J&F afirmou que "nenhum dos colaboradores mentiu em qualquer depoimento” prestado à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério Público Federal.
Os colaboradores apresentaram grande número de informações e provas à PGR e em atendimento aos demais ofícios do MP, que estão sendo tratados dentro dos trâmites legais. Sobre a questão trazida pela reportagem, é importante esclarecer que o fato ocorreu na data e evento conforme relatados, em conversa reservada, sem a participação nem conhecimento das esposas. Os colaboradores continuam à disposição para cooperar com a Justiça."
Já Ticiana Villas Boas confirma a veracidade da mensagem de voz que enviou em apoio a amiga e colega de trabalho Patricia Abravanel. E diz que, como revela o áudio, que nem ela nem Patrícia, durante o período em que estiveram juntas no jantar em sua casa, presenciaram qualquer conversa com conteúdo ilícito.
Em vários momentos do encontro, os casais se dividiram em grupos de homens e mulheres, e Ticiana imaginou que Patrícia, assim como ela, não sabia que nas conversas entre os maridos eles trataram de propina. Por isso ela se solidarizou e se dispôs a defendê-la caso fosse necessário, com a intenção de evitar que Patrícia fosse envolvida no caso.
O advogado do casal Fabio Faria e Patrícia Abravanel, José Luis Oliveira Lima, afirmou: "Em face da afirmação de Ticiane, esposa de Joesley Batista, maior acionista do grupo JBS, que textualmente disse que as declarações do diretor do Grupo Ricardo Saud não são verdadeiras, vamos peticionar perante o STF para a Ministra Rosa Weber, para que ela analise a validade da colaboração do diretor."
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