O consumo a prazo sem planejamento é o principal motivo que tem levado muitos brasileiros a atrasar o pagamento da prestação, segundo mostra uma pesquisa encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) Brasil, divulgada em São Paulo, pelo economista Nelson Barrizzelli.
Ele acredita que o maior acesso ao crédito tem sido favorável ao crescimento econômico, mas alerta que o país deve adotar o “crédito responsável” e sugere aos consumidores para que fujam do cheque especial e evitem entrar no sistema rotativo do cartão de crédito, já que, nessas modalidades, os juros são os mais altos do mercado.
A pesquisa feita com 623 famílias apontou que mais da metade dos entrevistados (54%) têm a renda comprometida com compras parceladas no cartão de crédito e 64% têm entre um a quatro cartões. Os bancos são a instituições mais procuradas e recorridas por 44% dos pesquisados, seguida pelas administradoras de cartão de crédito (38%).
Pesquisa mostra perfil do endividamento do brasileiro (LaTunya Howard / Creative Commons)
Os casos de inadimplência envolvendo todas as modalidades de financiamento alcançaram 41% dos brasileiros de todas as classes sociais, mas os mais pobres são os mais penalizados pela restrição ao crédito.
Nas enquetes entre os que ganham mensalmente até R$ 3.825, 31% responderam que já tiveram o nome incluído na lista devedores. Já no universo de renda acima desse valor, essa situação foi experimentada por 28%.
A principal causa de inadimplência foi a má administração das finanças, alegada por 41% dos consultados, seguida pelo desemprego (11%). O estudo identificou ainda ser maior o desinteresse sobre o custo das operações (condições de juros e o impacto sobre o valor final a ser pago) entre as faixas de ganhos até R$ 3.825. Nessa classe de renda, 59% disseram que buscam informações, enquanto, no grupo de pessoas com renda superior, o percentual atingiu 81%.
Entre os tomadores de crédito das classes mais humildes, 52% assumiram que não se preocupam com o planejamento financeiro, taxa que cai para 27% entre os mais ricos. A maioria dos ouvidos, 65%, é do sexo feminino e 71% das mulheres pertencem às classes C e D. No total, a grande maioria está com idades que vão dos 35 aos 49 anos; possui o segundo grau completo e têm renda variando de R$ 2.201 à R$ 3.825.
Para o economista Barrizzelli, as intituições financeiras, em conjunto com os órgãos governamentais, deveriam investir em educação financeira para evitar que justamente a população mais pobre venha a ser prejudicada por endividamentos, e o país tenha uma explosão de inadimplência.
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