Nesta semana, a revista Placar anunciou a capa da edição de outubro e gerou polêmica antes mesmo de chegar às bancas. A revista mostra uma fotomontagem com o jogador Neymar crucificado, o que, naturalmente, levou muitas pessoas a relembrarem da cena bíblica de Jesus Cristo.
Após a grande repercussão, a publicação se pronunciou e pediu desculpas “a quem se sentiu ofendido”, explicando que “em nenhum momento foi intenção ferir a religiosidade de ninguém”.
Na nota, a Placar reitera o respeito pelas diferentes crenças e a defesa da liberdade de praticá-las. No entanto, ressalta que estão “falando exclusivamente de futebol” e explica que a fotomontagem não é uma referência específica à crucificação de Jesus.
“Vale esclarecer que a analogia da fotomontagem é com a crucificação como método de execução pública praticado antigamente. Como mostra a reportagem, Neymar vem sendo ‘apedrejado’ publicamente com a pecha de ‘cai-cai’. O maior jogador brasileiro, ícone da arte no esporte, virou, para muitos, o símbolo da dissimulação, da tentativa de burlar as regras do jogo. Ele cometeu e comete suas falhas, mas ficou com uma imagem de ‘criminoso esportivo’”, diz a Placar, que promete que a matéria será ainda mais esclarecedora em relação à posição adotada pela revista para falar do jogador.
Maurício Barros, diretor de redação da Placar, falou à Imprensa sobre a polêmica. Ele explica que a ideia da fotomontagem surgiu de uma discussão sobre o fato de Neymar estar sofrendo uma espécie de “linchamento moral” por ter a fama de simular faltas.
“Isso (essa fama do jogador) foi reforçado pelas redes sociais, pelas atuações dele na Seleção Brasileira. Percebemos que estava havendo uma inversão de valores. Como é que o jogador que é o mais caçado nos jogos, vira um ícone do ‘jogo sujo’? Pode até ser que ele exagere em algumas faltas, mas e daí? Entre exagerar em algumas faltas e virar símbolo de um jogador que quer ludibriar as regras do jogo existe uma distância muito grande”, afirmou.
Sendo assim, Barros conta que a Placar se propôs a discutir, entre outros aspectos, a simulação no futebol e, naturalmente, Neymar virou o personagem principal.
A Placar já esperava uma grande repercussão com a capa da edição de outubro. “Sem dúvidas esperávamos essa repercussão. Quando mexemos com questões sensíveis como essa as pessoas reagem, faz parte do jogo e da democracia”, afirmou Barros. No entanto, ele destaca que, embora o crucificado mais famoso tenha sido Jesus, “Neymar não está retratado como Jesus Cristo, nem de longe”, na fotomontagem feita pela revista em sua capa.
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