Segundo o diretor do Icrim, Carlos Henrique Roxo, o laudo que será elaborado após a reconstituição do assassinato do jornalista Décio Sá, poderá ser divulgado dentro de 10 dias. “Trata-se de um laudo muito grande e que deve ser bem detalhado dado os diferentes aspectos que compõe o momento o crime. Por isso, vai demorar um pouco para que fique pronto.
Pistoleiro mostra como matou jornalista
Segundo o superintendente de Polícia Civil da Capital, Sebastião Uchoa, a reconstituição foi realizada para ilustrar a dinâmica do crime e dirimir eventuais dúvidas com base nos elementos de prova objetiva e subjetiva carreados aos autos pela comissão de delegados que investiga o caso.
“Ela poderia ser dispensada, mas a comissão de delegados entendeu que era necessário acrescentar mais essa prova ao inquérito, para reafirmar a confissão do acusado e eliminar qualquer dúvida que por ventura venha a existir no crime elucidado”, observou Uchoa.
A reconstituição começou na Avenida Ana Jansen. O acusado Jhonathan de Sousa Silva, 24 anos, esteve presente e contou aos peritos do Instituto de Criminalística do Maranhão (Icrim) o que fez no dia da morte de Décio Sá.
O trabalho contou com a presença da delegada Geral, Cristina Menezes; do promotor Marco Aurélio; dos delegados da Comissão que investiga o crime (Jefrey Furtado – presidente da comissão, Maimone Barros, Guilherme Sousa, Roberto Larrat, Roberto Fortes, Augusto Barros - da Superintendência Estadual de Investigações Criminais), e do coordenador da comissão de delegados, Marcos Affonso Júnior – subdelegado Geral. Além de peritos do Instituto de Criminalística (Icrim).
Pela reconstituição, no dia 23 de abril Jhonathan chegou em frente à Mirante, por volta das 16h20, em uma moto Fan CG, cor vermelha, placa NNH7680. Ele parou em frente a uma gráfica, no lado oposto à empresa de comunicação, onde perguntou a um flanelinha se Décio Sá trabalhava na Mirante, que horas entrava e que horas saía.
Nesse momento o jornalista chegou em seu veículo, um FoxMotion, prata, placas NNA-7101, e o flanelinha informou que se tratava do jornalista. Jhonathan, então, disse que não era a pessoa por quem ele procurava, gravou o modelo, placa do carro e saiu em direção à praia da Ponta da Areia.
Em seguida, a equipe de mais de 50 policiais, com apoio de agentes de Trânsito da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), deslocou-se para a praia da Ponta da Areia, onde o acusado contou que chegou pilotando a moto e se encontrou com ‘Diego’, que estava em um veículo Corsa Classic, de ‘Neguinho’ – na reconstituição a polícia usou um veículo Siena, cor Chumbo, placa NHN-0099.
Na segunda parte dos trabalhos, Jhonathan Silva continuava muito frio e até sorriu quando fez a cena com um policial, simulando estar na companhia de Diego bebendo água de coco. O executor contou que após beber a água de coco trocou de veículo com seu comparsa e saíram na Avenida dos Holandeses, com destino à Chácara de Júnior Bolinha, na Rua 6 (Residencial Verde Mar), no Araçagi, próximo ao Bairro Pirâmide.
Na terceira parte da reconstituição, realizada na chácara de Júnior Bolinha, a polícia fez apenas a chegada e a saída de Jhonathan com Diego, pois não tinha autorização para entrar na Chácara. No local, o acusado deixou o veículo Corsa Classic e saiu depois de algumas horas, por volta das 21h, para aguardar o jornalista sair do trabalho e cometer o crime.
A dupla chegou por volta das 21h20, próximo à TV Mirante, e aguardou Décio Sá sair do ambiente de trabalho. No entanto, o piloto ficou próximo à antiga “Pneu Aço”, e Jhonathan em frente ao comercio “Coco verde São Francisco”, próximo ao sinal de trânsito da rotatória do São Francisco.
O acusado contou à perícia que aguardou o jornalista passar no veiculo, fez o reconhecimento do carro, após constatar que se tratava de sua vítima, atravessou a pista e subiu na moto, iniciando a perseguição.
Já na Avenida dos Holandeses, no sinal de trânsito do cruzamento com a Avenida Ana Jansen, ao lado do bar e restaurante Mendonça, Jhonathan disse que o sinal ficou vermelho e que pretendia executar o jornalista naquele momento, mas ao avistar uma viatura da Polícia Militar acabou desistindo.
O suspeito continuou seguindo a vítima e ao chegar à rotatória que dá acesso à praia de São Marcos, perdeu de vista o jornalista, seguindo pela Avenida dos Holandeses. Depois resolveu procurar sua vítima na praia, e encontrou o carro de Décio Sá estacionado em frente ao bar Estrela do Mar, na Avenida Litorânea. A perita do Icrim, Anne Kelly Viega, falou à imprensa que Jhonathan tem contribuído muito nesse trabalho.
Local do crime – A imprensa não pode acompanhar de perto o trabalho que simulou a execução do jornalista, tendo acesso a distância. O executor, ao avistar o veiculo de Décio Sá, desceu da moto e procurou pela vítima, encontrando-a no interior do bar Estrela do Mar, na Avenida Litorânea.
Jhonathan Silva entrou no bar em companhia da perita Anne Kelly e demonstrou à equipe do Icrim como cometeu o crime, depois saiu do bar, atravessou a pista e simulou sentar na moto, para fugir.
“Dentro do Bar, Jhonathan delineou os passos, destacando que atirou pelas costas da vítima a uma distância de dois metros”, contou o subdelegado Marcos Affonso Júnior. “Essa reconstituição serve para formalizar o que temos conhecimento, para materializar o fato”, completou.
Em seguida os peritos refizeram a cena da fuga, com o acusado subindo uma duna, antes da barreira eletrônica, e ido a pé até a curva do 90, quando pegou uma condução para se deslocar a um sítio no Bairro Miritiua.
O trabalho da Polícia Civil contou com apoio do Batalhão de Missões Especiais, do Grupo Tático Aéreo (GTA), Batalhão de Choque, Companhia de Operações Especiais (COE), e do Corpo de Bombeiros.
Curiosos – A reconstituição na Avenida Litorânea foi presenciada por centenas de curiosos e imprensa local. “Vim do Turu com um grupo de quatro amigos só para assistir à reconstituição do crime do jornalista”, contou a vendedora Meireles Caldas Pinheiro, de 24 anos.
“Estava fazendo minha caminhada e aproveitei para assistir ao trabalho da polícia”, disse Antônio Mendes, 46 anos. O carro usado para a reconstituição foi o mesmo usado pelo jornalista e estava sendo conduzido por um policial civil que representava a vítima.
A moto utilizada no crime foi conduzida por um policial que representou o piloto de fuga, identificado até hoje apenas como ‘Diego’.
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