Dilma condiciona corte de IPI a manutenção de empregos


Procurada para comentar a declaração da presidente Dilma Rousseff de que os incentivos fiscais que o governo concede a empresas devem ter, como contrapartida, a manutenção do emprego dos funcionários, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) disse que não vai se manifestar, mas enviou dados do setor sobre o tema.
O gráfico da Anfavea contempla o número de empregados em montadoras, inclusive as de máquinas agrícolas, entre outubro de 2008 - durante a crise mundial, ressalta a entidade - até junho passado. O último número divulgado é o de 146,9 mil vagas, em junho, o mais alto de todos. Ainda segundo a associação, houve 15,2 mil contratações em todo esse período.
A declaração de Dilma, feita em Londres, ocorre no momento em que a General Motors (GM) sinaliza que pode fechar postos de trabalho. Desde o início do mês, o sindicato dos metalúrgicos faz protestos contra a ameaça de fechamento do setor MVA (Montagem de Veículos Automotores), em São José dos Campos (SP), que teria como consequência 1.500 demissões.
A queda de braço entre a montadora e o sindicato chegou ao governo. O Ministério da Fazenda chamou a GM para esclarecer, na próxima terça-feira (31), a situação da fábrica no interior paulista.
No início do mês, ao divulgar o balanço do setor em junho, impulsionado pelo desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), decretado no fim de maio, o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini, já havia sido questionado sobre notícias de cortes e Plano de Demissão Voluntaria (PDV) em montadoras.
O executivo, que também preside a Fiat, afirmou que o setor de caminhões tem sofrido com a baixa na produção, mas que, no segmento de carros, ocorre uma realocação da produção. "Um sindicato noticia o PDV em um local, mas o sindicato de onde são abertas novas vagas não informa isso", disse.
Na ocasião, a Anfavea apontou que em junho havia 146.932 empregados no setor, sendo 127.006 nas fábricas de veículos e 19.926 nas de máquinas agrícolas. Esse número representa, segundo a associação, uma alta de 1,3% sobre o de maio e de 2.9% perante junho de 2011.
A fala de Dilma
Dilma falou sobre o tema quando perguntada por jornalista, em coletiva à imprensa, em Londres, sobre as expectativas do governo com relação à redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI). "Nós damos incentivos fiscais e financeiros e queremos, como retorno para o Brasil, a manutenção de emprego. Fazemos toda uma política anticíclica pra garantir empregos. Isso vale não só para as montadoras, mas para todos que receberem incentivos. Têm que saber que fazemos isso com um único objetivo no mundo: garantir o emprego dos brasileiros", afirmou a presidente, que está na capital inglesa para acompanhar o início dos Jogos Olímpicos.
No final de maio, o governo federal reduziu o IPI para os carros até 31 de agosto para estimular o consumo e o crescimento da economia do país. No final de junho, também foi prorrogada a redução de IPI para linha branca e móveis, com a contrapartida da manutenção do nível de emprego nos setores.
Revendedores
Mais cedo, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, havia pedido ao Ministério da Fazenda a prorrogação do IPI baixo para o setor. Sem a extensão do benefício, ele terminará no fim de agosto. A senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que participou da reunião com a Fenabrave e a Fazenda, saiu do encontro dizendo que o governo quer condicionar a prorrogação do IPI baixo à manutenção do emprego no setor.
Com a medida, tomada a pedido das montadoras para alavancar vendas e enxugar estoques, os concessionários tiveram o melhor mês de junho da história, com 340,7 mil emplacamentos. A Fenabrave, no entanto, reajustou a previsão para o ano como sendo de queda no comércio de veículos.
A Anfavea, no início deste mês, diz não esperar a prorrogação do desconto no imposto, na expectativa de que a economia se reaqueça no segundo semestre. A associação também divulgaria as projeções para o segundo semestre na ocasião, mas, "estrategicamente", preferiu adiar esse informativo, segundo Belini. "Não vamos fazer projeção até 31 de agosto", disse.

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