Pesquisadora aponta que escolas brasileiras não ouvem o aluno


A parceria assinada entre o Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Federal de Psicologia para enfrentar a violência escolar tem como uma das virtudes a decisão de ouvir os alunos para a construção dessa política pública. O entendimento é da psicóloga Angela Soligo, professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que pesquisa processos de exclusão na escola.

Há uma série de conhecimentos que a academia já produziu que não dialogam com as políticas públicas. A pesquisa vai permitir ouvir alunos do país inteiro. Quem faz a política precisa ouvir quem está na outra ponta.

A parceria entre ministério e o conselho prevê um estudo sobre violência nas escolas, elaboração de materiais didáticos e formação de professores para o combate à violência no ambiente escolar. No projeto, o MEC pretende abordar temas como enfrentamento às drogas, gravidez precoce, homofobia, racismo, discriminação, bullying e bullying eletrônico (feito por meio das redes sociais).

De acordo com pesquisa, para mudar a realidade nas escolas, é preciso construir relações que não reproduzam a lógica excludente e violenta da sociedade em geral. O ambiente escolar hoje é mais um reprodutor do modelo social do que um instrumento de mudança.  A escola tem essa obrigação de produzir outras formas de pensar o mundo, de problematizar. A escola sozinha não vai resolver, mas tem um papel, que é a formação do cidadão aponta a pesquisa.

As práticas violentas nas escolas ganharam destaque junto com o processo de inclusão. Todo mundo está na escola e a escola não pode mais excluir aqueles alunos que a incomodam. Há 50 anos, isso era mais fácil. A escola tem que lidar hoje com o aluno que ela não deseja. É a esse estudante que a escola vai imputar as marcas da violência. E isso gera uma reação.

De outro lado, o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, lembrou que a homofobia no cotidiano escolar traz graves consequências para o aprendizado. Crianças e adolescentes que sofrem preconceito têm a sua inserção no mercado de trabalho dificultada. Além disso, as práticas homofóbicas desumanizam, promovem insegurança e o isolamento dessas pessoas, aponta ele.

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