NOTÍCIA MAIS PESQUISA: Levantamento revela que Um em cada quatro homens ainda culpa a mulher pelo estupro

Resultado de imagem para estuproUma pesquisa realizada pelos Institutos Avon e Locomotiva revelou que 27% dos homens ainda acreditam que, em alguns casos, a mulher é culpada por ter sido estuprada. O estudo foi apresentado no 4º Fórum Fale sem Medo, em São Paulo.
Depois de ouvir 1.800 pessoas de 70 cidades, a pesquisa indicou que 88% dos entrevistados acreditam que há muita desigualdade entre homens e mulheres. Porém, apesar das críticas ao machismo, na prática, comportamentos machistas ainda são bastante tolerados. 85% dos homens, por exemplo, concordam que os pais devem educar os filhos para serem menos machistas, mas, ao mesmo tempo, 48% deles consideram desagradável ou humilhante o homem cuidar da casa enquanto a mulher trabalha fora. Apenas 35% acham que cabe ao homem ajudar a mulher.
E ainda: 43% dos homens dizem que não “pega bem” reclamar de um amigo que compartilha fotos de mulheres nuas em grupos privados de homens e 61% consideram que a mulher que se deixou fotografar também tem culpa quando um homem compartilha suas imagens íntimas sem autorização nas redes sociais.

Direitos das mulheres

A pesquisa O papel do homem na desconstrução do machismo também revela que 78% das pessoas concordam que as mulheres devem conhecer seus direitos e ser incentivadas a lutar por eles; 59% disseram que todas devem ser respeitadas, não importando sua aparência, nem seu comportamento; e 67% dizem que homens e mulheres devem ser igualmente responsáveis pelos cuidados com a casa e com os filhos.
O machismo é considerado negativo por 79% das pessoas.
Apesar de 87% dos entrevistados concordarem que ao menos uma parte da população é machista, só 24% delas se consideram assim. A pesquisa também mostra que 24% dos homens não têm coragem de defender as mulheres no meio de outros homens e que 31% não gostariam de ser machistas, mas não sabem como agir.

Feminismo

Sobre as percepções a respeito do feminismo, 20% dos homens e 55% das mulheres se consideram feministas, mas 55% das pessoas dizem que o feminismo é contrário ao machismo e 32% acham que o feminismo está ultrapassado. Outros 44% afirmaram que chamá-los de machistas não os motiva a se engajar no enfrentamento à violência contra a mulher e 54% disseram ter tido uma conversa pessoal antes de mudar as atitudes.
“Sabemos que o conhecimento da maioria das pessoas sobre o tema ainda é muito superficial. O tamanho da oportunidade que se abre é a de que seis em cada dez homens – ou seja, 46 milhões de brasileiros adultos – acreditam que poderiam lidar com as questões femininas de forma diferente e melhor”, disse o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.
A coordenadora de Projetos de Enfrentamento à Violência contra a Mulher do Instituto Avon, Mafoani Odara Poli Santos, disse que a pesquisa é um disparador de processos importantes de reflexão e transformação.
“Trazemos nessa pesquisa de percepção dados superpositivos, mas ainda existe muita tolerância em processos e violências contra a mulher com um quarto dos homens acreditando que as mulheres têm culpa de serem estupradas. Esses dados contrapõem o que é percepção e o que é prática. Nas coisas mais básicas do processo de educação, as pessoas não conseguem mudar.”
A jornalista Jacira Melo, fundadora e diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, ressaltou que este é o momento oportuno para debater o assunto com os homens, se for analisado que há 36 anos mulheres do país inteiro protestaram, escrevendo nos muros a frase “quem ama, não mata”, em um momento no qual a violência contra as mulheres não era reconhecida como problema social grave.
“Tivemos um processo no qual as mulheres fizeram um verdadeiro levante no país dizendo: ‘basta de violência’, o que é um problema social, não é um problema de quatro paredes. Aprendi que ninguém muda ninguém e que os homens precisam mudar e se responsabilizar pelo machismo. Ao lado de uma mulher que sofre violência, há um homem que precisa mudar”, afirmou Jacira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário