O presidente da Embratur e pré-candidato ao Governo do Estado, Flávio Dino (PCdoB), foi financiado eleitoralmente em 2010 - ano em que perdeu a eleição para a governadora Roseana Sarney (PMDB) no primeiro turno -pela empresa Alcana Destilaria de Alcool, de Nanuque, Minas Gerais, pertencente à Infinity Bio-Energy Brasil Participações, acusada de explorar o trabalho escravo no país.
O comunista recebeu em um só depósito do grupo o equivalente a R$ 500 mil (que correspondem a 92,62% de todo o dinheiro gasto na campanha eleitoral), 10 dias antes da eleição, como consta em sua prestação de contas.
O grupo que financiou Dino é um dos principais responsáveis, segundo relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), pela elevação do número de trabalhadores escravos no país entre os anos de 2010 e 2011. Ao todo, 1.282 trabalhadores, sendo 285 índios, eram mantidos pelo grupo em situação análoga à escravidão.
"O elevado número de trabalhadores escravos em Mato Grosso do Sul está ligado à exploração de um grupo multinacional o Infinity Limited, com sede nas Ilhas Bermudas, que criou a Infinity Bio-Energy Brasil Participações S.A. O grupo adquiriu usinas de açúcar e álcool em diversos estados do Brasil", destaca trecho de relatório da CPT.
Além de ter envolvimento histórico com o trabalho escravo, chama a atenção o fato de o grupo que bancou Flávio Dino ter apresentado à Justiça de São Paulo, um ano antes da eleição [em agosto de 2009], um Plano de Recuperação Judicial, uma vez que enfrentava grave crise financeira.
Entre a data em que o grupo apresentou o Plano de Recuperação e a da doação de meio milhão de reais ao comunista, se passaram apenas 13 meses. No ano seguinte, houve outro pedido à Justiça sobre falência.
Na eleição de 2010, Flávio Dino, apresentou à Justiça Eleitoral uma previsão de receita de quase R$ 2,5 milhões. Apesar disso, gastou apenas R$ 539.830,65. Como a empresa Alcana Destilaria de Alcool doou R$ 500 mil, apenas R$ 39.830,65 foram oriundos de outras fontes.
Flávio Dino integrou a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e, segundo nota do PCdoB, é autor de um estudo a respeito do crime contra os direitos humanos, intitulado O Combate ao Trabalho Forçado no Brasil: aspectos jurídicos, publicado pelo Ministério Público do Trabalho. Apesar disso, não recusou a doação do grupo que explora o trabalho escravo no Brasil. A nota não explica a doação.
Em nota, na qual o partido se propõe apenas a atacar o jornalista, o PCdoB não. As agressões do PCdoB não levaram em conta documentos que comprovam o uso de es cravos pela doadora de campanha de Flávio Dino - documento da CPT e de um Termo de Ajustamento de Conduta assinado com o Ministério Público Federal. E não respondeu aos principais questionamentos do texto.
Um deles é o fato de a empresa que doou R$ 500 mil à sua campanha fazer parte de um grupo que havia chegado à situação pré-falimentar. O partido também não respondeu por que Dino foi financiado justamente por um grupo acusado de explorar o trabalho escravo no país.
A nota da legenda diz apenas que Flávio Dino integrou a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e é autor de estudo a respeito do crime contra os direitos humanos e afirma que não houve qualquer tipo de ilegalidade na prestação de contas de campanha de 2010.
Flávio Dino, por sua vez, silenciou sobre o caso. Ele evitou tratar do assunto e apenas autorizou a manifestação do PCdoB, em nota assinada pelo presidente da sigla, Marcio Jerry e pelo deputado estadual Rubens Pereira Júnior, líder da bancada da oposição na Assembleia Legislativa.
Dino distribiu release de sua autoria tratando exatamente do tema escravidão, mas nada diz sobre a doadora de campanha.
Os trabalhadores encontrados em situação análoga ao trabalho escravo explorados pelo grupo que doou 92,62% dos recursos da campanha de 2010 para Flávio Dino (PCdoB) foram resgatados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). A comissão lamentou, na ocasião, a exploração do grupo.
Em 2009, um ano antes da doação a Dino, outra ONG, a Repórter Brasil, constatou situação de escravidão entre trabalhadores de outra empresa do grupo, no Espírito Santo. Mesmo já tendo sido membro de comissão que trata do assunto, Flávio Dino não atentou para o histórico da empresa, que praticamente bancou sua campanha eleitoral de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário